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Engª Marta é uma estudante que esta a desenvolver o seu trabalho de Mestrado cujo tema debruça-se naprodução e purificação de biogas. “Estou a usar o sistema de Mahubo como meio para as minhas experiências, mas para além disso a minha função envolve a identificação de possíveis anomalias que estejam a decorrer no processo de produção de biogas”Em Março de 2022, tivemos uma conversa com Marta sobre o biodigestor que em breve será complementado por um sistema solar fotovoltaico de 50kW.

O que a inspirou a estar envolvido em sistemas de biogás?
A necessidade de pôr em prática os conhecimentos teóricos adquiridos durante a minha formação na UEM sobre biogás inspirou-me a envolver-me na concepção e gestão do biodigestor de Frangos de Mahubo. Existem alguns biodigestores no país, mas estes não funcionam devido à falta de conhecimento sobre esta tecnologia assim comopessoas com a capacidade de gerir estes biodigestores ou ainda por estarem em desuso por muito tempo. Existe uma grande necessidade de divulgar os conhecimentos sobre os sistemas de biogás.


Fale-nos sobre o biodigestor Frangos de Mahubo
A unidade de biogás de Frangos de Mahubo tem uma capacidade de 45 metros cúbicos e as matérias-primas utilizadas incluem esterco de galinha poedeira misturados com água das casas de banho e sangue do matadouro como a mistura para o substrato. Cada dia o biodigestor é alimentado com 1,39 m3 de substrato com um período de retenção de 30 dias. Ele esta projectado para produzir 38 m3 de biogás diariamente.
O biogás deve ser consumido no local onde é produzido ou transmitido para consumo a outros locais?
Infelizmente, o maior desafio com a produção de biogás está no armazenamento. Mesmo purificando ele, não é economicamente viável produzi-lo num local e transportá-lo para outro distante, é dispendioso. Assim, o ideal é produzi-lo e consumi-lo localmente.

 

Que recomendação tem para a utilização eficaz da biomassa?
A biomassa pode ser utilizada para produzir energia, pode ser um pontapé de saída para a descentralização energética em varias regiões do pais, mas primeiro é necessário determinar as necessidades de energéticas de cada área. Pode ser economicamente viável começar com biodigestores de pequena escala que possam satisfazer as necessidades das cozinha das casas.


Quais são as vantagens do biogás?
Há muitas vantagens desta tecnologia. Em primeiro lugar, as matérias-primas são facilmente acessíveis nas comunidades devido à disponibilidade de resíduos animais e agrícolas. Os porcos e vacas, por exemplo, são uma boa fonte de resíduos para a produção de biogás, com recursos e capacidade de produção suficientes, onde aldeias podem beneficiar-se da energia gerada. Além disso, a adopção da tecnologia elimina a dependência da biomassa lenhosa entre as comunidades, preservando assim o meio-ambiente. De enfatizar que para além do biogás, o processo de biodigestão produz também o biofertizante que pode ser usado em hortas e plantações seja para regadio ou como adubo pois contém concentração de muitos nutrientes.


É necessário o desenvolvimento de capacidades na gestão de instalações de biogás
Geralmente existe uma falta de conhecimento sobre biogás, apesar da existência de enormes resíduos agrícolas e animais no país. Existem alguns biodigestores no pais, porem não estão a ser utilizados devido à ausência de conhecimento e de pessoas com competências e com mínima formação necessárias para os gerir. O reforço da capacidade de gestão das instalações de biogás depende da capacidade do biodigestor. Por exemplo, a gestão de uma unidade de biogás de 5-10 m3 não requer demasiados pormenores técnicos. Há necessidade de se capacitar mais pessoas que lidam com biodigestores, para conhecer a qualidade das matérias-primas necessárias para o biodigestor e calcular a quantidade de material orgânico necessário. As pessoa precisam ser capazes de avaliar os factores envolvidosno processo de produção de biogás que possam afectar o funcionamento do biodigestor, por exemplo, o pH, a temperatura e a alcalinidade. Há também necessidade de ajustar o pH do substrato e isto pode ser feito com alguns matérias como carbonato de cálcio ou material local como cinzas. A pessoa na gestão do sistema precisa de estar equipada com conhecimentos sobre a necessidade de purificar o biogás produzido de acordo com a sua aplicabilidade. Por exemplo, se o biogás for utilizado para cozinhar, há necessidade de remover o sulfeto de hidrogénio (H2S), pois ele detém efeito corrosivo, podendo prejudicar as tubulações, equipamentos de ferro, e produz um mau cheiro como o de ovo podre, causando náuseas e intoxicação.